terça-feira, 25 de novembro de 2025

Eu posso ser frágil?

      Eu sou o mais novo de uma família de descendentes de japoneses, com ideias de japoneses, com cobranças de japoneses, mas já faz anos que não estou sequer perto de ninguém da família, ainda assim me pesa muito o pensamento de que tenho que ser duro, forte, rígido, como um samurai tem que ser.
      Não ter fraquezas, ou ao menos nunca deixar transparecer, sempre ser o melhor em tudo, sempre saber tudo, essas cobranças se infiltraram tão forte em mim que é difícil não me cobrar o tempo todo, ou me culpabilizar quando não atinjo essas expectativas, mesmo que sejam só minhas. Porém o inferno da minha vida é não ser assim tão forte.
      Por algumas coisas ruins que aconteceram nos últimos anos, vim me isolando cada vez mais das pessoas que amo, uma por que não consigo dar a atenção e cuidados que gostaria, segundo que me sinto sempre um peso na vida das pessoas que gosto. Acho que esse sentimento veio da relação com minha própria família, na infância sempre fui tratado como um peso que eles tinham que carregar, na verdade entendo por que eles eram 11 e 6 anos mais velhos, ou seja estavam sempre em fases da vida que um irmão criança era um estorvo.
      De verdade não os culpo, são pessoas boas com seus lados ruins, assim como eu também, só estou relatando fatos, que me marcaram e cicatrizes que ficaram e que fazem parte de mim como o ser humano que sou, alguém que as vezes quer pedir ajuda, mas não sabe fazer isso, sem pensar mil vezes que não posso ser fraco, ou que não posso deixar a fraqueza sair e que não quero ser mais um peso na vida de ninguém.
       Sei que está tudo bem, sei que essas coisas passam, minha vida inteira suportei dias ruins até que melhorassem e sei que muitas pessoas me ajudariam, pessoas que me amam, mas eu posso ser frágil?
      Existe todo um  lado de mim, esquecido, guardado, da pessoa introvertida, que não aprendeu com os outros, que não tem muito traquejo social, que não sabe fazer amigos, que não sabe falar com pessoas, que precisa de alguém que pegue pela mão pra mostrar as coisas, que precisa de carinho, um lado desprezado por mim mesmo, mas que fundamentalmente sou eu mesmo.
      Essa dicotomia já me mergulhou em muitas crises de depressão, da percepção externa de uma pessoa sociável, pra solidão interna. Certo que muito dessa solidão se tornou solitude com o tempo, mas muito do que foi deixado de lado se torna assombração nos dias ruins.
      Enfim, o que é ou deveria ser normal, de desabafar com amigos, se apoiar na família, pra essas duas partes de mim é algo difícil, minha parte forte sempre foi treinada a não ter fraquezas e minha parte frágil nunca soube se apoiar em alguém e sim resistir, suportar e ir digerindo aos poucos tudo o que acontece no mundo fora de mim, da minha própria forma em meu próprio tempo.

domingo, 23 de novembro de 2025

Eu odeio quando me ofeio

Hoje eu acordei pra baixo, me sentindo triste, ontem perdi minha carteira, no carro do Uber que me trazia pra casa, um fato até normal, mas o sentimento de me culpar por algo assim, o ódio por não ser organizado, de não ter percebido, a frustração de lidar com as pequenas coisas que vem disso... Cartão do banco.. cartão do transporte... Se atrasar muito pro trabalho... São pequenas coisas, mas o sentimento que fica em mim, esse é difícil de lidar. 
 É como se se aflorassem todos piores momentos da vida de uma vez, um sentimento de derrota, de fracasso como ser humano, e não, eu sei que não é tudo isso, é só um pequeno incidente. 
O monstro que existe dentro da alma, não sei se a química do corpo ou as feridas da vida, mas se transformam em um inferno dentro da caixa que é minha cabeça, e eu me odeio, eu odeio ser falho, e eu odeio me ódio de me odiar, odeio não conseguir parar esse ciclo de ódio...
São dias difíceis... Mas fazem parte de estar sempre correndo atrás de tentar me encaixar dentro do mundo das regras que dizem o que é normal ou o que deveria ser.
Tá tudo bem, um dia depois do outro.